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domingo, 21 de julho de 2013

MEDITAÇÕES DO AVÔ E BRINQUEDOS DO NETO - Fernando Pessoa


MEDITAÇÕES DO AVÔ E BRINQUEDOS DO NETO 
Por Fernando Pessoa 
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Ao ver o neto brincar,
Diz o avô, entristecido: 
"Ah, quem me dera voltar 
A estar assim entretido!
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Quem me dera o tempo quando 
Castelos assim fazia, 
E que os deixava ficando 
Às vezes p'ra outro dia;
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E toda a tristeza minha 
Era, ao acordar p'ra vê-lo, 
Ver que a criada já tinha 
Arrumado o meu castelo."
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Mas o neto não o ouve
Porque está preocupado
Com um engano que houve 
No portão para o soldado. 
.
E, enquanto o avô cisma, e, triste, 
Lembra a infância que lá vai,
Já mais uma casa existe 
Ou mais um castelo cai; 
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E o neto, olhando afinal, 
E vendo o avô a chorar, 
Diz: "Caiu, mas não faz mal: 
Torna-se já a arranjar." 

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Nicéas Romeo Zanchett

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